Como evitar a revitimização na comunicação de causas sociais
- Caju Vicente
- há 6 dias
- 2 min de leitura
Atualizado: há 12 minutos
A comunicação de causas sociais tem o poder de mobilizar, sensibilizar e transformar. Mas quando não é feita com o devido cuidado, pode reforçar estigmas, explorar a dor e acabar revitimizando quem mais deveria ser protegido.
O que é revitimização no contexto de comunicação?
Revitimizar significa expor uma pessoa, ou grupo, a uma experiência de sofrimento já vivida, reforçando sua condição de vítima. Em campanhas sociais, isso pode acontecer quando se usa imagens ou narrativas que enfatizam a dor, a carência ou o desamparo como forma de gerar empatia.
Apesar da intenção ser sensibilizar, o resultado pode ser o oposto: estigmatização, sensação de exposição e desrespeito à dignidade do retratado.
A revitimização ainda é uma prática comum em campanhas de DRTV (Direct Response Television), que muitas vezes apostam na exploração explícita da dor para gerar comoção e conversão rápida. Embora esse tipo de abordagem possa trazer resultados imediatos, ela pode também comprometer a dignidade das pessoas retratadas e enfraquecer a imagem institucional no longo prazo.
Um exemplo de comunicação sem revitimização:
O filme produzido pela Social Docs para Médicos Sem Fronteiras é prova de que campanhas eficazes não precisam recorrer a revitimização: ao focar na potência do legado e no impacto positivo das doações, conseguiu emocionar, sensibilizar e gerar resultados concretos em captação, sendo reconhecido como um case de referência em storytelling ético.
O filme fez parte da campanha para captação de heranças e doações em testamento, realizado para Médicos Sem Fronteiras (MSF). O desafio era claro: como abordar temas sensíveis como morte e sofrimento sem recorrer à exploração da dor?
A resposta veio com um olhar respeitoso e potente para o impacto. Em vez de mostrar apenas o sofrimento, o filme destaca as transformações geradas pelas doações, o protagonismo das pessoas atendidas e o trabalho dos profissionais em campo.
O foco está em esperança, dignidade e potência de escolha. O resultado foi uma campanha de alto impacto, que emocionou sem revitimizar, e se tornou um case divulgado pela Aberje como referência em comunicação ética.
Princípios do storytelling ético
Alguns pilares devem ser seguidos para evitar a revitimização:
Comunicar com respeito também é gerar impacto. Histórias com responsabilidade sensibilizam sem explorar. Comunicar com dignidade é um diferencial estratégico.
Na Social Docs, acreditamos que o audiovisual pode ser uma ponte entre causas e pessoas. E quando essa ponte é feita com ética, o impacto é ainda maior.
Assine nossa newsletter para receber conteúdos sobre storytelling, comunicação e impacto social.
Comentarios